As Invisibilidades Expostas Pela Pandemia
Em tempos difíceis como o que vivemos, empatia, adaptação e inclusão são essenciais para a melhora na qualidade de vida da população. Segundo o Censo de 2010, há 9,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva e 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil, e a falta de informações em formato acessível é um […]
Em tempos difíceis como o que vivemos, empatia, adaptação e inclusão são essenciais para a melhora na qualidade de vida da população. Segundo o Censo de 2010, há 9,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva e 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil, e a falta de informações em formato acessível é um dos efeitos negativos da pandemia. O que já era difícil, agora ficou ainda pior.
A visão da pessoa surda
A comunicação é uma das principais dificuldades enfrentadas por pessoas com surdez ou deficiência auditiva. A escassez de acessibilidade, que vai desde filmes nacionais sem legenda até a falta de intérpretes em locais públicos, não é novidade para quem, diariamente, precisa buscar formas alternativas de adaptação.
Com a chegada da pandemia, porém, algumas dificuldades que já eram sentidas pela população surda parecem ter sido agravadas, como ocorre com o acesso à leitura labial. O uso de máscaras recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em prevenção à covid-19, impede que a linguagem convencional seja compreendida.
Isso acontece porque 80% dos surdos no mundo têm dificuldades com as línguas escritas e dependem das línguas de sinais para obter informações. Quando estas não estão acessíveis em sua língua, acabam recebendo atualizações picadas de seus familiares ou de outros surdos, extinguindo sua autonomia para compreender ou formular um pensamento crítico sobre o assunto.
O toque da pessoa cega
São muitas as dificuldades enfrentadas por pessoas cegas ou com deficiência visual durante a pandemia, também. Quem precisa sair tem relatado bastante dificuldade em se locomover de máscara. Por algum motivo, quando usamos a máscara, a nossa percepção espacial é reduzida. Os micropreceptores da pele que nos trazem essas referências, agora estão bloqueados. Quando a deficiência é ligada à mobilidade, a necessidade do contato físico é ainda maior.
Pessoas com deficiência visual também se orientam por outros sentidos, principalmente pela audição e pelo tato. Ao ler em Braile, por exemplo, uma pessoa com deficiência visual precisa tocar em superfícies e, automaticamente, se colocar em risco de contrair o novo coronavírus.
A falta de acessibilidade também dificulta o acesso à cultura, por isso, lembre-se da importância de incluir recursos acessíveis nas informações dos seus projetos, ações e eventos. Afinal, a inclusão começa pela comunicação.
