5 erros graves que comprometem a qualidade do conteúdo acessível

Você sabe avaliar se o conteúdo da Audiodescrição e a tradução em LIBRAS são de qualidade? Como avaliar a qualidade do conteúdo acessível sem ser uma pessoa com deficiência, ou seja, o consumidor final? Esta é uma questão crucial que o produtor e o distribuidor devem observar ao contratar esse serviço, já que a compreensão […]

5 erros graves que comprometem a qualidade do conteúdo acessível

Você sabe avaliar se o conteúdo da Audiodescrição e a tradução em LIBRAS são de qualidade?

Como avaliar a qualidade do conteúdo acessível sem ser uma pessoa com deficiência, ou seja, o consumidor final? Esta é uma questão crucial que o produtor e o distribuidor devem observar ao contratar esse serviço, já que a compreensão que os espectadores cegos e surdos terão da obra será diretamente influenciada pelo conteúdo.

A primeira coisa a verificar é se o laboratório trabalha com consultores cognitivos. No caso da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), a tradução deve passar pela validação de um profissional surdo, e a audiodescrição, por um especialista em AD cego. São eles que farão as correções e apontamentos necessários para tornar o conteúdo acessível 100% compreensível para o público final evitando os erros graves que abordaremos (e outros). Aqui na ETC Filmes, todo material produzido é analisado pela consultora Thaisy Payo, graduada em Letras Português-LIBRAS, e Edgar Jacques, especialista em audiodescrição.

Como cada recurso possui suas especificidades, criamos este blog post para auxiliá-lo a identificar os 5 erros mais graves que acendem o sinal vermelho para o conteúdo acessível. Vamos lá?

Audiodescrição deve empoderar

A audiodescrição traduz eventos visuais em eventos sonoros. Ou seja, o texto é pensado para que seja lido e ouvido. Isso não significa que ele deva deduzir informações que vão além dos componentes visíveis da cena.

O primeiro erro grave é interpretar estados de espírito ou sentimentos do personagem, elementos que são subjetivos. De acordo com Edgar, se o audiodescritor deduz alguma coisa, impede que a pessoa cega conclua por ela mesma. “O filme é composto de inúmeras características, como enredo, trilha, construção de personagens, e tudo isso ajuda a formar uma imagem daquela história na imaginação. A AD precisa ser empoderativa, não caritativa. Ou seja, dar condições para a pessoa cega interpretar por ela mesma”, afirma.

Atenção ao duplo sentido

A audiodescrição deve evitar o uso de pronomes possessivos, pois podem criar duplos sentidos e levar o espectador a entender certas cenas de maneira equivocada. Por exemplo, em uma cena de luta: “João cambaleia. Pedro está deitado no chão. João pega sua lança”. João pegou a lança de quem? Ficamos sem saber quem fez a ação.

Além dos pronomes possessivos, a AD deve evitar cacofonias, que podem formar palavrões ou duplos sentidos, afastando o espectador do filme.

Linguagem adequada ao filme

Outro fator muito importante é o vocabulário utilizado. A audiodescrição precisa, acima de tudo, respeitar a obra. Isso significa que se o filme é adulto, a AD não poderá lançar mão de um vocabulário infantil, amenizar palavrões ou termos fortes. Paralelismo é o termo técnico que indica que as expressões usadas na AD estão de acordo com o filme.

Edgar defende também que o texto não deve usar linguagem fílmica, embora existam teorias da audiodescrição a favor dessa prática. “Eu concordo se a pessoa cega quiser estudar cinema e ser um cineasta, aí faz sentido saber o que é um plano americano ou um plano aberto. Mas para o público em geral, não. O mais indicado é descrever o que a técnica provoca na imagem. Por exemplo, se há uma vista aérea da cena, usamos ‘vista de cima’ na descrição”, diz.

Falta de expressividade na interpretação em LIBRAS

Quando o assunto é LIBRAS, a falta de expressividade é um problema. A tradução em LIBRAS vai além da transformação de um idioma em outro. Envolve interpretação e expressividade corporal, que podem ser entendidas como equivalentes às flutuações e tons da fala, ou seja, necessárias para transmitir os sentimentos e humores das personagens. Se o intérprete de LIBRAS fica apático durante todo o filme, série ou vídeo, algo está errado.

Posição corporal da intérprete 

Se observarmos atentamente, veremos que a intérprete de LIBRAS muda a posição e a direção do corpo o tempo todo. Esse movimento não é aleatório: é por meio dele que a pessoa surda identifica quem está falando na cena. Se for o personagem à direita, a intérprete vira ligeiramente o corpo para a direita. Quando o personagem à esquerda responder, ela também se voltará para a esquerda. Ao avaliar o material gravado em LIBRAS, observe se a intérprete permanece “estática” ou faz esse movimento corporal.

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